Ainda em 1889, exatamente no dia 31 de julho, trafegou pela Estrada de
Ferro de Sobral um visitante ilustre, o Conde d’Eu, genro do Imperador D. Pedro
II. Desembarcando em Camocim em um navio da Companhia
Maranhense de Navegação a Vapor, dirigiu-se o príncipe para Sobral às 8:00h
deste dia; o trem passou em disparada pela Estação de Granja, onde a Câmara
Municipal, a nobreza e o povo da terra estavam reunidos para apresentarem seus
cumprimentos ao príncipe. Advertido por João Brígido – que em Camocim,
juntamente com outros mais, reunira-se à comitiva do Conde d’Eu – sobre a
inconveniência que o engenheiro Lima Brandão lhe fizera cometer, não se detendo
em Granja para retribuir as saudações da população, mostrou-se o Príncipe
bastante aflito com isso, aconselhando-se então com Brígido sobre a melhor
forma de sanar a indelicadeza cometida, ainda que involuntária de sua parte.
Sugeriu Brígido que se telegrafasse para Granja, informando que o príncipe faria
a visita no retorno, marcando aquilo para a meia noite. E assim foi feito.
A comitiva partiu de Sobral às sete da noite, tendo chegado em Granja
por volta da meia noite; “... gyrandolas, como verdadeira chuva de bólides,
anunciaram que a obsequiosa população da cidade sertaneja estava de pé, com as
melhores galas para receber Sua Alteza". Era uma hora da noite. “A estação
regorgitava de gente. Não obstante ficar a parada à grande distancia, talvez
mais de um km da cidade, o Príncipe fez o caminho a pé, visitou a Matriz, onde
foi recebido à porta com o cerimonial conveniente pelo reverendíssimo vigário;
dali encaminhou-se à casa da Câmara, onde a edilidade reunida em sessão
extraordinária leu-lhe uma mensagem de congratulação pela sua boa vinda a esta
terra desolada, que o recebia em seu seio com todos os sinais da mais franca
lealdade e simpatia.
Sua Alteza visitou ainda a cadeia, indo depois a casa do nosso bom
amigo Carvalho Motta, onde se dignou a aceitar uma taça de café, voltando em
seguida, ainda a pé, para o trem. Eram duas horas da noite. Sua Alteza, deu cem
mil réis para as obras da Matriz de Granja, como havia dado cem em Sobral, para
a casa de caridade, vinte e uma pobre viúva, e muitas outras esmolas de cinco e
dez mil réis aos pobres que dele se aproximavam.
Lembremos aqui que o Conde d’Eu, retornava de uma viagem empreendida ao
Extremo Norte do Império, aonde fora no intuito de contrabalançar a propaganda
republicana.
Fonte: André Frota de Oliveira. Livro a Estrada de Ferro de Sobral,
1994, pag. 111 e 112.
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