“MAESTRO ACARAPE”, UMA FIGURA HUMANA QUE GRANJA NÃO ESQUECERÁ
A cidade de Granja, certo dia
deste ano, amanheceu triste com o povo não acreditando na morte de um grande
filho. Não perdeu nenhum doutor, político ou bacharel. Perdeu simplesmente
Raimundo Nonato, o famoso e popular “Acarape”,
um bom débil mental, que como todos os loucos, também tinha sua mania. Foi até
o fim de sua vida tomado pela ilusão de era o maestro da bandinha de música
local.
Como ninguém, “Acarape” era
caprichoso com seus instrumentos, vaidoso com seus uniformes, pontual como
nenhum outro músico. Ele, quando era convidado para tomar parte de uma
alvorada, nem dormia direito. Se era uma procissão ou uma novena passava o dia
inteiro esperando a hora de entrar em cena. Era realmente um grande maestro.
“Acarape”, em todas as festividades em que a banda de música era convidada, ia à
frente de todos, fardado, orgulhoso, soberbo.
De sua corneta nada saía, o som
era apenas na sua imaginação. Enquanto a banda desfilava pelas ruas da cidade
tocando seus dobrados, a meninada acompanhava atirando pedras no seu “supremo
maestro”. Muitas vezes suportava tudo calado, não queria por nada perder o
ritmo do desfile. Em outras ocasiões, não suportava as pedradas, largava tudo e
corria atrás da garotada, que se deliciava com o espetáculo. No mesmo instante,
depois da corrida, voltava ao seu lugar e com sua corneta, que nada tocava,
seguia ao som dos mais lindos dobrados de sua fantasia.
Se lá no Céu tiver alguma banda
de música, ele já está incorporado a ela. De lá, sentirá saudade da bandinha de
Granja, esta bandinha comandada pelo maestro Zezinho, velho e bondoso homem que
amava como ninguém seu companheiro “Acarape”. O grande maestro também irá
sentir muita falta dos seus companheiros de música, das pedradas e das
brincadeiras da meninada de Granja.
Nunca foi vista tanta gente no
enterro de um débil mental, tanta gente chorando e tantas flores. A banda de
música tocando a valsa da despedida subia o alto do cemitério, com seus
músicos, há muito sem uniformes e seus instrumentos já estragados pelo tempo e
tantos serviços prestados à comunidade local, esquecidos de todas as
dificuldades que enfrenta a banda.
O maestro Zezinho jamais imaginou
que seria ele que teria que tocar aquela valsa para seu companheiro, que tanto
aprendera a amar, a valsa de despedida do querido e amado Raimundo Nonato, o
maestro “Acarape”.
José Osmar Chaves
Fonte: Jornal Lira Granjense - Nº 10
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A Lenda do bumba meu Boi
A Lenda do bumba meu Boi, conheça a origem da dança. Bumba meu Boi é uma dança folclórica da cultura brasileira, principalmente na região Nordeste. A dança surgiu no século XVIII, como uma forma de crítica à situação social dos negros e índios. O bumba-meu-boi combina elementos de comédia, drama, sátira e tragédia, tentando demonstrar a fragilidade do homem e a força bruta de um boi.
A lenda é a seguinte: Um rico fazendeiro possui um boi muito bonito, que inclusive sabe dançar. Pai Chico, um trabalhador da fazenda, rouba o boi para satisfazer sua mulher Catarina, que está grávida e sente uma forte vontade de comer a língua do boi. O fazendeiro manda seus empregados procurarem o boi e quando o encontra, ele está doente. Os pajés curam a doença do boi e descobrem a real intenção de Pai Chico, o fazendeiro o perdoa e celebra a saúde do boi com uma grande festividade.
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“Aí, aí que eu vou, leruá! Pegar peixinho, leruá!”, essa canção está presente no imaginário popular de muito granjense. Para uns ouvir-la é poder transportar o corpo e a alma aos tempos de menino e ver novamente os rostos dos amigos na metamorfose provocada pelo tempo. Todos os granjenses conhecem, ou deviam conhecer a brincadeira do Leruá. Mas de onde vem nosso Leruá?
Foto do www.blogalcantaras.blogspot.com
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Fonte: Jornal Lira Granjense - Nº 10
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MEU BOI AINDA NÃO MORREU.
Estava eu no feriadão de 15
novembros grudado no computador matando o “verme” das redes sociais, quando
batidas e gritos na porta me conectam ao mundo real. - Fessor, fessor Lira!
Saio devagar, tomando chegada,
como que gato maracajá, para ver quem num sol tinindo da tarde de um feriadão
desses ia se lembrar de professor na vida. Abro a porta e vejo um grupo de
garotos com o suor a pingar no rosto, um palmo de língua de fora e um sorriso
do tipo: desculpa, mais é urgente! Eram alunos e ex-alunos do bairro da Boca do
Acre. Assustado, pedi que entrassem, tomassem fôlego e - Professor, é que nós
queremos botar o boi pra dançar hoje e queremos saber se o senhor pode ajudar
arrumando um bombo? falou um dos garotos.
Nessa hora, fiquei calmo, sentei
e iniciamos urna prosa sobre o chamado “boi dos meninos”.
A brincadeira do bumba-meu-boi,
ou simplesmente boi, em outros tempos era bastante apreciada pelas famílias
granjenses, uma tradição iniciada em meados de novembro e encerrada no dia seis
de janeiro com a matança do boi. Muitos brincantes se destacaram como caretas,
sanfoneiros, dançarmos e mestres.
Seu João Mocó, Zé Rem, Antônio
Miquim, Titico Silva, Pereirão e tantos outros foram pessoas que dedicaram boa
parte de suas vidas à cultura popular. Mas com a era tecnologia, os facebook
nosso de cada hora e a falta de incentivos jogaram essas pessoas para além do
esquecimento.
Os tempos passaram e a
brincadeira do boi dos adultos não mais existe na cidade de Granja. Hoje, numa
espécie de teimosia, a brincadeira sobrevive na memória da criançada, que nesse
período organizam-se em pequenos grupos, pegam um pedaço de pano, algumas varas
colhidas na beira do rio Coreaú, uma cabeça de boi morto (de preferência há
três anos) na caatinga. Pronto, está feito o boi! Um balde serve como bombo,
pedaços de papelão e tecido velho são matéria-prima da mais alta qualidade na
confecção das máscaras dos caretas. O improviso remenda o enredo, repassado e
recriado de acordo com a idade e bairro dos pequenos vaqueiros.
Pronto, temos um típico Boi dos
Meninos, que saem às ruas granjenses com seu baticum característico procurando
casas para apresentar seu espetáculo no valor de dois, cinco ou dez reais. A
alegria é garantida!
Depois de conversar com a
garotada entrei pisando mais leve. Esperançoso, sabe? Com aquela sensação de
que algo está para acontecer... Quando à noite, ouvi um baticum abafado de um
bombo velho, desafinado. Aí tive a certeza que nosso boi ainda não morreu!
Lira Dutra - (88) 9991-9361
- www.liradutra.blogspot.com
Fonte: Jornal Lira Granjense – Nº 10
A Lenda do bumba meu Boi
A Lenda do bumba meu Boi, conheça a origem da dança. Bumba meu Boi é uma dança folclórica da cultura brasileira, principalmente na região Nordeste. A dança surgiu no século XVIII, como uma forma de crítica à situação social dos negros e índios. O bumba-meu-boi combina elementos de comédia, drama, sátira e tragédia, tentando demonstrar a fragilidade do homem e a força bruta de um boi.
A lenda é a seguinte: Um rico fazendeiro possui um boi muito bonito, que inclusive sabe dançar. Pai Chico, um trabalhador da fazenda, rouba o boi para satisfazer sua mulher Catarina, que está grávida e sente uma forte vontade de comer a língua do boi. O fazendeiro manda seus empregados procurarem o boi e quando o encontra, ele está doente. Os pajés curam a doença do boi e descobrem a real intenção de Pai Chico, o fazendeiro o perdoa e celebra a saúde do boi com uma grande festividade.
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“Aí, aí que eu vou, leruá! Pegar peixinho, leruá!”, essa canção está presente no imaginário popular de muito granjense. Para uns ouvir-la é poder transportar o corpo e a alma aos tempos de menino e ver novamente os rostos dos amigos na metamorfose provocada pelo tempo. Todos os granjenses conhecem, ou deviam conhecer a brincadeira do Leruá. Mas de onde vem nosso Leruá?
Foto do www.blogalcantaras.blogspot.com
Da Meruoca à
Macaboqueira
Um breve
histórico do Leruá granjense
por * Lira
Dutra
Leruá é uma
dança masculino, onde os brincantes demostram suas habilidades com cacetes de
jucá (caesalpinia ferrea) em uma roda ao ritmo das cantigas entoadas pelo
mestre. Os brincantes voltam-se para a direita e para a esquerda batendo os cacetes
num movimento de defesa e ataque, enquanto a roda se movimenta no ritmo da
canção. As batidas dos cacetes marcam o ritmo.
Em Granja a
brincadeira, segundo entrevistas realizada com os dançarinos e populares, foi
trazida da Serra da Meruoca pelo o mestre Noé de Sousa e seus irmãos, Teodoro e
Calebe. Segundo o senhor Teodoro, quando meninos “formavam rodada de doze” e o
“pau torava”, brincavam na casa de um tio, que no mês de junho, na noite de São
João, dia 26, fazia um “panelão de batatas” e chamava o Leruá, a brincadeira
durava “até umas horas”.
Ao chegar na
cidade de Granja, vindo da serra da Meruoca, mestre Noé de Sousa começou a
participar do bumba-meu-boi e ao termino da dança do boi a brincadeira continuava
com o seu Leruá. A partir daí sempre que alguém chamava o Boi queira ver a
dança do Leruá.
Segundo informação
do portal eletrônico da prefeitura de Meruoca: “O leruá na Meruoca é uma
variação do maneiro-pau, do Ceará. Ele é um bailado de roda, em que os
figurantes acentuam a nota dominante das canções entoadas e repetidas em coro
em seus respectivos refrões com o entrechoque de pequenos cacetes de jucá... De
provável origem indígena, o leruá, em seu processo de consolidação, assimilou a
fusão cultural brasileira, podendo ainda ser relacionado ao maculelê (bailado guerreiro
que era exibido na festa de Nossa Senhora da Conceição na Praça da Purificação,
em Salvador, e hoje comum nas rodas de capoeira em todo o Brasil) e a outras
danças, como o bate-pau (Vale do Rio das Graças) e o tum-dum-dum (dança popular
em Bragança, Pará).”
http://www.meruoca.ce.gov.br/noticias/texto.php?Id=2004,
acessado em 10/04/2011)
Luís da Câmara
Cascudo, registra que no “Ceará diz-se maneiro pau, bailado de roda, figurantes
masculinos, acentuando a nota dominante com o entrechoque de pequeninos
cacetes, característicos.”(Dicionário do Folclore Brasileiro, 12ª ed.) De
acordo com o blogue RM no Foco (http://rmnofoco.blogspot.com), o Leruá “é tradição”
no período da Sexta-Feira Santa no município de Coreaú, . A informação é confirmada
em uma postagem do dia 14/04/2009 no blogue Coreausiará http://jtaguiar.zip.net/arch2009-04-01_2009-04-15.html, onde mostra uma imagem da brincadeira
seguida do texto: “O sr. Rogério Cristino me mandou uma série de fotos da
brincadeira do leruá, em Coreaú. A festa é tradição da Semana Santa.”
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O SAUDOSO SANFONEIRO MANEZINHO
E A PASSAGEM DE LUÍZ GONZAGA PELA GRANJA
Neste ano de 2012, em que se
comemora o centenário de nascimento do cantor e compositor Luiz Gonzaga, nascido a 13 de dezembro,
relembramos um fato curioso de sua passagem pela Granja.
No ano de 1970, o Rei do Baião
esteve na Granja, quando se apresentou com sua sanfona no Grêmio Social
Granjense. E no hotel do senhor Ivan Cocó, onde esteve hospedado, recebeu o
sanfoneiro granjense Manoel Felipe da Silva, conhecido por Cego Manezinho.
Então Luiz Gonzaga passou sua sanfona para que ele tocasse alguma coisa.
Gonzaga gostou muito do que ouviu e disse que o granjense era muito bom para
tocar em “boate”, e até quis levá-lo consigo, conforme informações da viúva
Benedita Ferreira dos Reis, a quem entrevistamos.
Gonzaga gostou muito da execução
da música Meu Pequeno Cachoeiro, de Raul Sampaio, famosa na voz de Roberto
Carlos e regravada instrumentalmente pelo próprio Gonzaga.
O renomado acordeonista
aproveitou a ocasião para passar algumas instruções para seu mais novo
discípulo, ensinando-o a “abrir o fole bem”. Menezinho tinha uma sanfona muito
velha e talvez por isso poupasse-a de uma puxada mais forte. Esta sanfona
Gonzaga pediu-lhe para levar a fim de consertá-la, mas ela nunca voltou. Porém,
logo lhe manda outra, novinha, marca Scandalli, de 120 baixos, que sua esposa
foi buscar em Fortaleza, na Rua Medianeira, Aldeota, na residência do Pe. Aritmateia.
O sanfoneiro granjense morava no
bairro São Francisco (Barrocão), uma casa que tinha uma parte coberta de palha,
e certa noite um vestido caiu de Uni cabide sobre uma lamparina, dando início
ao incêndio que queimou o precioso presente do mi do Baião. Conta a viúva que a
família acordou pelo cheiro de sanfona queimando, coisa derretendo, e que de
nada adiantou sapatear sobre o instrumento, tostando os pés, tentando
salvar-lhe alguma parte.
Manezinho tinha uma sorte
incrível de ganhar sanfona e a desdita de perdê-la logo em seguida. Pois logo
depois da fabulosa sanfona queimada, o Dr. Esmerino Amida lhe presenteia com
outra, que lhe foi entregue no Parazinho. Esta logo se deteriorou e também levou
fim, por causa do alcoolismo de seu dono.
Depois, vários amigos se reuniram
e gentilmente compraram uma nova Scandaili para Manezinho, vinda da Parnaíba. E
mais uma vez deu em nada... Durante uma estada do sanfoneiro em Fortaleza, foi
roubada, por conta de mais um de seus pileques.
Manoel e Benedita tiveram
quatorze filhos, incluindo um parto de trigêmeos. Ficara cego por causa de um
sarampo, e uma grande alegria sua foi ter aprendido a ler e escrever em
Braille, cm Fortaleza.
O nosso sanfoneiro, tão estimado
pelos boêmios da cidade, faleceu em 2002, com 59 anos, mas seu sangue musical
continua vivo na Granja. O seu neto Eduardo, de 17 anos, está se destacando
como um dos melhores sanfoneiros da nossa região.
É lamentável que a sanfona doada
por Luiz Gonzaga não tenha sobrevivido para ser hoje valiosa peça de museu em
nossa cidade, confirmando assim o generoso hábito que tinha o filho de Januário
de incentivar, com doações de sanfonas, as pessoas humildes em quem ele via
algum talento musical.
Fonte: Jornal Lira Granjense – Nº 10
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Outras Danças populares
do
município de Granja
município de Granja
São Gonçalo
Foto: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=701743
Dança de S. Gonçalo na comunidade
de Sambaíba. Manuel Vieira é mestre desde 1948, após promessa feita para a cura
de sua irmã que levara um tiro. Ocorre no terceiro sábado de outubro. A
procissão deixa a imagem do santo nas casas das pessoas onde é realizado a
dança no terreiro da casa.
Marujada.
Foto: diarioonline.com.br
Dançada por 22 pessoas, todos
homens e mulheres com uniformes branco, vermelho e azul, imitando as cores da
farda da Marinha. Conta a história de uma barco que passou sete anos e um dia
perdido no mar e o capitão tenta avistar em terra três donzelinhas filhas do
capitão.
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