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O ano de 1824


O ano de 1824 havia sido escasso de chuvas, e em 1825 abateu-se uma terrível seca no Ceará, na qual deixou de si a mais dolorosa lembrança em toda a província. Muito embora chovesse em algumas ribeiras, ainda que pouco, o pasto que levantou foi insuficiente para sustentar o gado durante o ano. Tal estado de coisas, já por si desesperador, e ainda além do mais, agravado pela guerra civil, consequência da revolução republicana de 1824, e pela reação monárquica que se estendeu por todo o ano de 1825, teria um cruel desfecho – a peste da bexiga (varíola) que assolou a província.

Como se não bastasse todo este cortejo de calamidades, o decreto imperial de 10 de dezembro de 1825 declarou guerras as províncias unidas do Rio do Prata. Tal fato determinou o “recrutamento extenso e horrível dos braços validos restantes da província”.

Eram os sertanejos recrutados violentamente, pegados como animais, e embarcados sem a menor assistência para a guerra da Cisplatina.

Ermaram-se as fazendas de gado, extensas regiões da província do Ceará tornaram-se desertas. Desordeiros em bandos armados, talavam os sertões impunimente, cometendo crimes e apoderando-se dos bens alheios.

O centro da província ficou quase deserto, procurando seus habitantes, refúgios na capital, em Sobral e outros povoados maiores.

Aproximadamente um terço da população do Ceará morreu – quer pela guerra civil, pela fome, assassinatos, epidemia – ou migrou ou foi recrutada.

Livro: quadros da historia de Granja no século XIX ( de André Frota de Oliveira). Pag. 63.

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