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Igreja de Santa Luzia - Pitimbu


MATRIZ DA PARÓQUIA DE TIMONHA
Luiz Machado de Siqueira, devoto de Santa Luzia, foi quem iniciou a devoção a essa santa, com uma imagem que trouxera de Viçosa do Ceará, ao casar com moça nascida em Timonha, onde o casal passou a residir; em 1885 tiveram a iniciativa de doar cem braças de terra, no centro das quais foi construída a primeira capela.

         A primitiva capela, era pequenina, baixa, de taipa, coberta de telhas, sem abrigo para 200 pessoas, a mais humilde e a mais nova das capelas da Freguesia - isso na época de sua construção; mas em local muito habitado e próspero, de bela vista donde o observador descortina a distancia bonita cordilheira de serrotes e de outeiros cobertos de mata verdejante.

         A inauguração da ermida deu-se em 26 de setembro de 1910, dia em que se benzeu a bela imagem de Santa Luzia, de um metro de altura, vinda de Paris-França.

         Ata da benção do oratório e imagem de Santa Luzia do Pitimbu aos 26 de setembro de 1910.

“Aos vinte e seis de setembro de mil novecentos e dez de Nosso Senhor Jesus Cristo no recinto da capela erigida a Santa Luzia pelo senhor Luiz Machado de Siqueira e sua mulher Dona Auta Maria de Jesus, no lugar denominado Pitimbu, reunidos os paraninfos da benção do oratório e da imagem de Santa Luzia, a banda de música da cidade de Granja “Euterpe Granjense” sob a direção do mestre Raimundo Evangelista da Silva e crescido número de fiéis, mil e quinhentos mais ou menos, o. Pároco da Freguesia, Padre Vicente Martins da Costa, depois de um sermão alongado procedeu as bênçãos conforme o ritual de Bento XIV, a do oratório e a da imagem de santa Luzia de carton pierre, muito perfeita, de um metro de altura, recebida de Paris, que chegou ao local com as despesas de 23$000. Terminadas as bênçãos segui-se missa cantada, revestindo-se o ato de grande solenidade, notando-se em todos religiosa satisfação.

         Neste dia celebraram-se cinco casamentos, vinte e nove batizados e foi administrada a Santa Comunhão a trinta e duas pessoas. Para constar mandou o Ver. Pároco lavrar esta ata que eu Joaquim Máximo de Carvalho, escrivão a escrevi e assino, Pitimbu 26 de setembro de 1910. O Vigário Vicente Martins da Costa, Joaquim Máximo de Carvalho.”

O patrimônio da capela primitiva era de algumas braças de terra no local em que ela estava ereta e foram doadas pelos seus fundadores Luiz Machado de Siqueira e Dona Auta Maria de Jesus. Eis abaixo o documento de doação.

“Nós abaixo assinados, marido e mulher, somos senhores e possuidores de uma posse de terra de seis mil réis, livre e desembargada de qualquer hipoteca, na data Timonha do termo e comarca da cidade de Granja, Estado do Ceará, no lugar Pitimbu, onde nos achamos apossados, que nos houve por compra que fizemos ao nosso tio Felipe Vaz de Carvalho, dita posse de terra, nesta data fazemos doação de uma parte dela, para o patrimônio da igrejinha de Santa Luzia edificada por nós, no mesmo lugar Pitimbu, sendo assim demarcada, pegando da porta da igreja para o nascente cinqüenta braças, para o poente quarenta braças, para o sul cinqüenta braças e para o norte cinqüenta braças. Declaramos mais que nós doadores e nossos filhos ficamos isentos do pagamento de foros da dita terra, enquanto formos vivos. E por termos feito dita doação de nossa espontânea vontade, sem constrangimento algum, mandamos passar a presente escritura particular que vai por nós assinada, sendo a rogo da doadora por não saber escrever João Porfírio de Andrade Fontenele, tudo em presença das testemunhas, Miguel José de Carvalho e João Crisóstomo Fontenele também abaixo assinado. Iboaçu 24 de outubro de 1909. Luiz Machado de Siqueira. A rogo da doadora Auta Maria de Jesus, João Porfírio de Andrade Fontenele. Testemunhas, Miguel José de Carvalho, João Crisóstomo Fontenele.”

A 30 de setembro de 1962 foi lançada a pedra fundamental da nova capela, mas segundo populares do lugar, desde 1958 o povo já começara a juntar pedras para seus alicerces.
Fachada frontal Matriz Paroquia de Timonha

           






























Os fundadores Luiz Machado de Siqueira e sua mulher foram enterrados sob o piso da antiga capela, e quando se iniciou a nova seus restos foram colocados em espaço reservado em uma de suas paredes. Seu sucessor foi seu filho Pedro Machado, também zelador da igreja nova, construída de forma a abranger a área da antiga, sendo bem maior.
         A igreja é retangular, com onze metros de largura, por trinta de comprimento, área quase toda só da nave, que é única.
         O pronau, sob a torre, tem cerca de três metros de profundidade, o mesmo dos cubículos que o ladeiam, onde estão a escada para o cimo e o batistério, com pia de marmorite, sem outro adorno. O coro avança além da área da torre, apoiando-se em duas colunas quadradas, já dentro da nave, e tem parapeitos de pré-moldados.
         Todo o interior da igreja é revestido, até a altura de 1,20 metro, de pedras ornamentais, arenito retirado da Ubatuba, local próximo, ao pé da Serra da Ibiapaba. Na parte externa do templo há, igualmente, esse rodapé porém de menor altura.
         Os quadros da via sacra, em estampas envidraçadas, veem-se pelas paredes, onde não se encontram imagens de santos, embora existam quatro pedestais, onde são colocados flores.
         À frente da nave, um alto arco separa o que se poderia chamar de capela-mor. Ele começa sobre pilares quadrados, destacados das paredes externas por novos arcos, menores, de cimos agudos.
         A partir desses pilares elevam-se três degraus de marmorite acima dos quais ficam os altares; o versum populus é de madeira, com base ornamentada, e que se poderia chamar de altar-mor, de madeira, com armário fechado, ou cômoda, com símbolos em relevo na face externa e deixando sobre as partes laterais espaços semelhantes a mesinhas, onde deveriam estar as mesmas imagens da capela: o Coração de Jesus e Nossa Senhora Aparecida, depois, o móvel se alteia, estreitando-se em curvas, para formar a base onde deve assentar a efígie da Padroeira, sob a qual fica o Sacrário, com gaveta do mesmo móvel. Atrás da imagem da Padroeira eleva-se um crucifixo, alto, colado à parede, também de madeira. Aos lados do Sacrário aderem duas talhas, representando florões, sendo o topo desse móvel-altar, envernizado.
         A igreja tem cinco portas de cada lado – a última já na altura da capela-mor, mais duas janelas, na sacristia, todas com folhas de madeira e bandeiras ogivais, destacadas da parte de baixo, preenchidas por vidros de cor. Acima de cada abertura há um pequeno óculo, quadrejado, envidraçado.
         Aos fundos da sacristia abrem-se duas janelas, muito longas com as mesmas bandeiras, situadas quase ao nível dos óculos.
         Janelas idênticas a estas últimas existem na frontaria, duas em cada compartimento aos flancos do pronau – uma na frente e outra ao lado. A porta principal, larga, tem uma bandeira em formato pouco estético, para manter a linha das demais portas, havendo, inclusive, os respectivos óculos. A porta é de almofadas altas, bem decoradas. Sobre ela fica uma abertura de arco agudo, subdividida por paredes em faixas verticais, tudo envidraçado, assim como é o óculo, já na base da torre, bem acima.
         Nesse nível, a fachada sobe aos lados em degraus, lisa nos ângulos – que se prolongam pelos lados da igreja em platibanda – e com um pináculo de bola ao meio. Então, pilares aparentes que crescem às ilhargas da porta, juntam-se em cornija reta, sobre a qual forma-se a última parte da torre, em paralelogramo mais estreito na frente que aos lados, com aberturas ogivais para os quatro ventos e teto em cúspide baixa, de quatro vértices, com cruz de ferro no cume.
Por:
GRANJA, MINHA TERRA NOSSA HISTÓRIA
ALEXANDRE FONTENELE BATISTA

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